Angelina Jolie em entrevista para a revista Quem

Angelina Jolie passou sua lua de mel filmando com o marido À Beira-Mar, que está em cartaz nos cinemas. O terceiro longa-metragem dirigido pela atriz de 40 anos é resultado direto de uma experiência dolorosa da mulher de Brad Pitt, de 51, com quem tem seis filhos: Maddox, 14, Pax, 11, Zahara, 10, Shiloh, 9, e os gêmeos Knox e Vivienne, 7.

Jolie escreveu o roteiro do filme como forma de superar o luto pela morte da mãe, Marcheline Bertrand, em 2007, em razão de um câncer no ovário. O filme é quase todo passado em um quarto de hotel à beira-mar, em um balneário francês – embora a principal locação seja a Ilha de Malta –, e revela, aos poucos, os motivos pelos quais o casamento de Roland (Pitt) e Vanessa (Angelina) entrou em profunda crise. A atriz conversou com a QUEM.

QUEM: Você e seu marido se conheceram há dez anos no set de Sr. e Sra. Smith, em que também faziam um casal. Desta vez, a experiência foi diferente?

Angelina Jolie: São dois filmes diferentes. À Beira-Mar acabou sendo uma experiência extremamente profunda, já que filmamos em nossa lua de mel e brigamos em boa parte das cenas. Os problemas que Roland e Vanessa têm não são os nossos, claro, mas alguns amigos se assustaram, imploraram para não embarcamos no projeto. Acabou sendo bom para nosso casamento. Como o roteiro trata de perdas, luto, acho que nós dois saímos do filme ainda mais conscientes de quem somos e mais unidos que nunca. Foi um enorme exercício de autoconhecimento.

QUEM: Você é protagonista e diretora do filme. Foi delicado ser a comandante, com seu marido do outro lado da câmera?

AJ: Foi. Em alguns momentos, eu sofria por achar que não estava dando a direção correta para ele. E Brad, por sua vez, ficava angustiado por achar que eu não estava satisfeita com o tom que ele imprimia ao Roland.

QUEM: Você escreveu o filme como maneira de superar a morte de sua mãe...

AJ: Sim, mas jamais imaginei que esse roteiro seria filmado. Ou não teria me exposto tanto. Quando o estúdio deu o sinal verde, decidi que não queria cortar cena alguma, seria exatamente do jeito que eu escrevi, há oito anos. Foi, cronologicamente, o primeiro filme que escrevi. Os protagonistas são parecidos comigo e com Brad,  porque queria escrever sobre algo próximo de mim.

QUEM: O que você quer dizer exatamente com “não teria me exposto tanto”?

AJ: Escrevi o filme antes de fazer a mastectomia dupla, que modificou meu corpo definitivamente. E as questões fundamentais da personagem são as que minha mãe teve durante a vida dela: o abandono da carreira artística, um casamento fracassado (Jolie é filha do ator Jon Voight, 76, que se separou da mãe dela quando a atriz tinha 5 anos incompletos),  a sensação de não estar vivendo sua existência de forma plena. O processo de filmagem me fez entender mais minha mãe, as dores dela, suas questões – e também as minhas. Quando estava editando o filme, recebi a ligação de meu médico dizendo que havia o risco, não confirmado, de eu ter desenvolvido um câncer. Lá estava eu vivendo a tensão e a dor de novo, dentro e fora da tela. Foi tudo muito emocional.

QUEM: Você já disse a QUEM antes que tem um trato com Brad: quando um filma, o outro fica em casa com as crianças. Desta vez, obviamente, foi impossível...

AJ: Foi, claro. E levamos as crianças para Malta, para a lua de mel (risos). O Maddox, que tem 14 anos, ficou o tempo todo no set, e trabalhou como uma espécie de assistente meu. Foi ótimo. Os outros iam para a escola normalmente e nossa casa era na rua ao lado.

QUEM: As crianças mostram interesse nas artes?

AJ: Eles são bem claros: não querem ser atores. O que é um alívio para nós. Claro que eles podem mudar de opinião. Todos adoram me ajudar com as vozes da franquia Kung-Fu Panda (ela dubla a Tigresa). Mas os interesses deles são pintar, música. Maddox gosta do outro lado do cinema. Ele está me ajudando a produzir o próximo filme que irei dirigir, baseado em uma história real no Camboja, um filme de guerra contado por uma menina entre 5 e 9 anos. É o país onde Maddox nasceu, então ele também reflete sobre experiências semelhantes às que os pais biológicos dele provavelmente passaram. Embarcamos juntos nessa e tem sido emocionante aprender mais sobre a relação mãe e filho nesse processo.

QUEM: Esse é o primeiro filme em que nos créditos você aparece como Angelina Jolie Pitt. Mudou algo depois do casamento formal?

AJ: É complicado se autoanalisar, e teria que falar por nós dois, mas acho que a decisão de casar legalmente e usar o nome dele é resultado de nós dois querermos ficar ainda mais juntos. O filme é bem simbólico nesse sentido, pois queríamos sentir que tínhamos, de fato, os mesmos projetos, que estamos caminhando juntos, aprofundando nosso amor e nosso companheirismo. E entendendo melhor um ao outro. Agora, na minha opinião, nenhum laço é mais profundo do que criar um filho com seu parceiro. Então o papel passado não mudou muito nossa realidade, mas a celebração nos fez feliz. Foi algo assim como uma confirmação do nosso amor.

Fonte: Quem

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